Gestores contam como superar problemas e melhorar a educação
Eleições diretas para diretores, valorização dos professores e ensino médio atraente estão entre as iniciativas destacadas no Salamundo 2013.
Gestores contaram experiências bem sucedidas em Estados e municípios durante o Salamundo 2013
Foto: Roger Pereira /
Gestores contam como superar problemas e melhorar a educação
A gestão da educação deve ultrapassar o período de um
mandato e se tornar uma política pública efetiva. Mas nem sempre isto
acontece. A forte influência de partidos políticos, com a distribuição
de cargos - entre eles os de diretores de escolas -, ainda é uma
situação comum no Brasil. Em Goiás, a situação não era diferente em
1999, quando um novo tipo de gestão acabou com esta prática.
"Era preciso mudar a forma de lidar com a educação. Para
sair deste cenário político que envolvia as escolas, fizemos um curso
de formação para diretores e os três primeiros de cada região podiam se
candidatar como diretores. Passamos a fazer as eleições para a escolha
do cargo", comenta Raquel Teixeira, que havia assumido a secretaria de
educação de Goiás na época. Ela participou de uma mesa redonda sobre
políticas públicas na educação, promovida na terça-feira no Encontro
Internacional de Educação Salamundo 2013, realizado em Curitiba (PR).
Além desta medida, Raquel partiu de uma avaliação total
do sistema e de um planejamento estratégico, inclusive com
acompanhamento e cobranças, para melhorar o serviço do Estado. Houve
investimento na formação continuada de professores e em um plano de
carreira. Não existia atividades no contraturno escolar para os alunos
com mais dificuldades. Após parcerias, o sistema passou a ofertar
atividades culturais, esportivas e de reforço escolar para estas
crianças.
A valorização dos professores foi uma das medidas
adotadas pelo governo de Tocantins para avançar na educação do Estado. A
professora Dorinha Seabra Rezende, que foi secretária de educação no
Estado entre os anos de 2000 e 2009 e hoje é deputada federal, contou
durante o Salamundo que o salário do professor do Tocantins é o segundo
melhor do País. "Não acredito em resultado apenas com a
responsabilização do professor, mas também com valorização", avaliou.
Paralelamente, houve investimento na formação e qualificação dos
professores.
Um planejamento estratégico também foi montado pela
Secretaria de Educação, que foi encaminhado para a Assembleia
Legislativa para que se tornasse uma política pública, como uma garantia
de continuidade. Entre as medidas está um programa que envia os
recursos diretamente para as escolas para custeio, pagamentos e compra
de materiais, gerando autonomia e levando em consideração as
necessidades de cada local. Para controle, foi criado o cargo de
supervisor de qualidade, corresponsável pelo planejamento de cada
escola. Todo este processo conta com a participação ativa dos pais.
A valorização de professores e de toda a equipe que
integra a escola foi um dos segredos de Foz do Iguaçu (PR) para chegar à
nota 7 no Ideb em 2011, saindo de 4,2 em 2005. O então prefeito Paulo
Mac Donald colocou uma meta ousada para a melhoria na educação do
município. Inicialmente, o objetivo era atingir a nota 6 e, para isto,
formulou um sistema de premiação como 14° salário para todos os
funcionários da escola que atingisse a meta. Não apenas atingiu 6,2 em
2009, como chegou à nota 7 dois anos depois. Paralelamente houve
investimentos nas estruturas das escolas. O conjunto de ações ainda
resultou na diminuição na evasão escolar (de uma média anual de 400
crianças para apenas três, no ano passado) e na repetição (de 15% para
2,2% ao ano). "O problema não é recurso. Foram aplicados 26,5% do
orçamento, pouco mais dos 25% necessários", declara.
Quando secretária de educação de São Paulo, Maria Helena
Guimarães de Castro detectou que um dos maiores problemas da rede de
ensino era o nível baixo de aprendizado, ela e sua equipe reorganizaram
todo o curriculum escolar, fizeram mudanças no sistema estadual de
avaliação e implantaram um sistema de bonificação. Mas uma das medidas
mais eficazes para a melhoria em notas de rankings nacionais foi a
flexibilização de 20 a 25% da grade curricular do ensino médio. "A base
curricular tinha que ser cumprida nos primeiros dois anos e depois os
alunos tinham liberdade para escolher entre um preparatório para o
vestibular e o Enem ou um curso profissionalizante. Em um ano e meio,
100 mil alunos fizeram cursos profissionalizantes em todo o Estado",
indica.
A experiência do Rio de Janeiro também foi repassada
durante a mesa redonda. A secretaria municipal, Cláudia Costin, conta
que as primeiras medidas adotadas por ela quando assumiu o cargo, em
2009, foram a formação de um currículo único dentro da rede municipal e
um planejamento estratégico. Também foi trabalhada a estrutura da
escola. "Professor não tem quer ser inspetor, porteiro. Era preciso
garantir um bom quadro de funcionários", conta. Também foram criadas
plataformas de aulas digitais e o programa Escolas do Amanhã, aplicado
em áreas controladas por traficantes, milícias ou recentemente
pacificadas. "Estas escolas ganham recursos adicionais, os professores
possuem um salário melhor e há mais estrutura. Mas tudo com a mesma
exigência das escolas de outras áreas", afirma Costin.
O Rio de Janeiro está adotando o sistema integral com
sete horas por dia de carga de estudos para os alunos. A implantação
está sendo progressiva e até 2020 todas as 1.076 escolas do município
terão o sistema integral. Além disto, desde 2011, professores são
contratados apenas com regime de 40 horas semanais, para trabalhar em
apenas uma escola.
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