SP quer reduzir bullying nas escolas com trabalho de psicopedagogos
A assistência psicopedagógica chega com a promessa de melhorar o processo educacional nas escolas da rede
A prefeitura acredita que vai conseguir melhorar o desempenho dos alunos com os novos profissionais que serão contratados
Foto: Getty Images
Com objetivo de diagnosticar, intervir e prevenir problemas de
aprendizagem, tendo como enfoque o aluno, foi sancionado recentemente o
projeto de lei que implementa a figura do psicopedagogo nas escolas da
rede municipal de São Paulo. A assistência psicopedagógica, que chega
com a promessa de melhorar o processo educacional e diminuir ações de
bullying na capital paulista, já existe em 95 municípios brasileiros, de
acordo com a Associação Brasileira de Psicopedagogia (ABPp).
É o caso de Ourinhos, município no interior paulista. Com
aproximadamente 20 mil alunos matriculados, a rede municipal de ensino
conta com apoio psicopedagógico desde 2001. São nove profissionais
efetivos na função. O trabalho é desenvolvido dentro de uma abordagem
sistêmica, tendo como frente de atuação a família, equipe gestora,
professores, alunos, comunidades e a uma ampla rede de apoio.
Segundo a coordenadora da área psicopedagógica da Secretaria Municipal
de Educação de Ourinhos, Adriana Neves, com este trabalho, houve
otimização nos atendimentos e encaminhamentos frente às necessidades
levantadas junto aos alunos e professores, além da efetivação de um
suporte e intercâmbio entre saúde e educação. "Como benefícios, temos
hoje uma educação de melhor qualidade, com um trabalho de escuta,
intervenção, prevenção e minimização dos entraves do processo de
ensino", comenta.
Hoje em dia se fala muito em inclusão, mas o professor não sabe o que
fazer com uma criança que tem transtorno ou alguma síndrome e, por falta
de capacitação, acaba excluindo ao invés de incluir
Quézia BombonattoPresidente da ABPp
A
presidente da ABPp, Quézia Bombonatto, comemora a inserção deste
profissional nas escolas paulistanas. “É um passo muito importante, pelo
tamanho e presença que tem essa rede. E também porque parte da
disciplina educacional não é das melhores em termos de produção - nós
sabemos que temos municípios em outros Estados com níveis de educação
muito melhores nas avaliações”, compara. Para ela, a presença do
psicopedagogo vem ao encontro da necessidade de focar o processo de
aprendizagem.
Inclusão
Além
de contribuir com os projetos pedagógicos, o profissional de
psicopedagogia oferece suporte, orientação e capacitação de professores
em casos de alunos com necessidades especiais - seja por deficiências ou
altas habilidades -, e atuar como mediadora de conflitos para evitar
ações de bullying. “Hoje em dia se fala muito em inclusão, mas o
professor não sabe o que fazer com uma criança que tem transtorno ou
alguma síndrome e, por falta de capacitação, acaba excluindo ao invés de
incluir”, assegura a psicopedagoga.
Essa falta de preparo pode levar as crianças que não se sentem incluídas
a sofrerem com o bullying. De acordo com a presidente da ABPp, o
sistema educacional que se tem hoje precisa ser revisto. E o
psicopedagogo vai contribuir com isto. “Ele vai instrumentalizar grupos
de professores. Dentro da rede, vai poder ajudar nessa capacitação para
lidar com crianças com síndromes, que somam 6% do total”, diz.
É importante diferenciar a função da psicopegagogia dentro da rede de
educação da função do consultório. Na escola, se trabalha a relação
entre aluno e professor. Ele vai orientar o professor, mas quem usufrui
disso é o aluno. “É um processo de educação preventivo, não só curativo.
Na escola, ele vai orientar, cuidar. No consultório, tratar”, explica
Quézia. Outro aspecto é o alcance do psicopedagogo na mediação da
relação da escola com a família.
Formação
A
formação em psicopedagogia acontece de duas formas: por meio de uma
especialização de profissionais de outras formações - como pedagogos,
psicólogos e licenciados - ou na própria graduação de psicopedagogia.
Atualmente, tramita no Senado Federal o projeto que regulamenta a
profissão. Estima-se que há cerca de 150 mil profissionais com esta
especialização no Brasil.
Pelo projeto da prefeitura de São Paulo, cada regional de ensino terá
uma equipe composta, além de psicopedagogos, por assistentes sociais,
fonoaudiólogos e outros profissionais especializados que não fazem parte
da carreira do magistério. Um estudo de demanda e orçamentário está
sendo realizado para definir quantos profissionais serão contratados
para atender cerca de 1,5 mil escolas municipais de educação infantil e
do ensino fundamental. O prazo para implantação da lei é de 60 dias, mas
a previsão para funcionamento pleno é para o próximo ano.
Cartola - Agência de Conteúdo - Especial para o Terra
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